Durante as migrações algumas aves orientam-se principalmente através da capacidade extraordinária de reconhecer características topográficas, como rios, árvores ou características do litoral. Noutras espécies a migração, durante o dia, parece ser orientada principalmente pela posição do sol e durante a noite pelo eixo estrelar de rotação. Extraordinariamente ainda existem outras espécies que se orientam principalmente através do campo magnético terrestre (esta capacidade foi comprovada através da desorientação dessas aves quando expostas a campos magnéticos artificiais) ou, então, pela orientação do vento em associação com a paisagem em que se encontram. Quando as condições climatéricas, ou outras, não são favoráveis as aves podem mudar o modo como se orientam Um dos efeitos mais generalizados da ação humana ao longo do último século são as alterações climáticas. Não é surpreendente que estas alterações tenham um impacto num processo tão intimamente ligado às variações sazonais como é a migração. Espécies que se reproduzem no norte da Europa, onde o tempo primaveril está a chegar cada vez mais cedo, estão a antecipar o seu calendário migratório; mas pode não ser suficiente. É o caso do papa-moscas. Nos últimos anos, estas aves têm abandonado mais cedo os seus territórios de invernada a sul. Mas, em resposta às temperaturas mais amenas, os insetos de que dependem para alimentar as suas crias anteciparam ainda mais a sua reprodução, pelo que, quando os papa-moscas chegam, o boom de insetos já passou.

Algumas espécies de aves conseguem diminuir o gasto de energia durante a noite diminuindo também sua temperatura. Os beija-flores levam isso ao extremo e entram em um estágio de torpor. Recentemente foi demonstrado que uma espécie de beija-flor dos Andes é capaz de reduzir sua temperatura corporal a inacreditáveis 3°C durante a noite. Essa é a menor temperatura já registrada para uma ave ou mesmo para um mamífero que não esteja em estado de hibernação. Para efeitos de comparação, se a temperatura do seu corpo diminui meros 2°C, você entra em estágio de hipotermia.

Embora os estímulos e o mecanismo responsáveis pelo comportamento de migrar não sejam compreendidos na totalidade, sabe-se que o aumento das horas de luz no Inverno, através de um mecanismo hormonal, estimula a ave a comer em excesso e a acumular reservas de gordura, que vão servir de combustível à migração. Antes de falar sobre algumas dessas adaptações, é importante lembrar que elas são animais “de sangue quente” – o termo científico é endotérmicos. O que basicamente significa que aves mantém a temperatura do corpo constante independente do ambiente ao seu redor e, para fazer isso, precisam gastar “combustível”, ou seja conseguir alimentos suficientes para converter em temperatura. Esse gasto é relativamente maior do outros animais endotérmicos como os mamíferos, já que as aves estão entre os animais com maior temperatura corporal conhecida, variando entre 38°C e 42°C.

No inverno, o ritmo de renovação do ar é mais lento, o que pode afetar, principalmente as aves jovens. Para repor oxigênio e extrair a umidade, amônia, monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2), é interessante a implantação de inlets. Estas ferramentas projetam o ar frio para o topo do aviário e evitam o efeito direto sobre os animais. Desta forma, o ar fresco externo que é mais pesado que o ar quente, desce para o centro do aviário. Este ar mais frio se encontra com o ar interno, mais quente, antes de alcançar as aves, evitando assim, que elas se aglomerem.

Outro hóspede ilustre que sempre visita a cidade é o tisiu. Pássaro de cor preta, ele sai da Amazônia logo que começa a cair a primeira chuva de setembro em São Paulo. “Com a primeira chuva, cresce o capim e ele tem o que comer. Ele sabe direitinho quando pode chegar aqui, quem vem antes da chuva dança”, explica o ornitólogo. O tisiu sempre se hospeda no Parque do Ibirapuera, lugar preferido também do joão-pires, um papa-moscas que vive na Amazônia, Goiás e Tocantins. As aves da Venezuela também gostam muito do Ibirapuera. É lá que se hospedam o bigodinho, a tesoura e o suiriri-de-sobrancelha amarela.

Até pássaros pequenos embarcam em jornadas gigantescas. Os beija-flores da espécie Selasphorus calliope — o menor pássaro da América do Norte — fazem viagens de ida e volta de nove mil quilômetros entre os prados e florestas abertas de grande altitude do norte das Montanhas Rochosas e as florestas de pinheiros e carvalhos do México.

A maioria das espécies marinhas migradoras inverna na costa portuguesa e migram para o norte europeu onde nidificam. As outras espécies nidificam apenas no mediterrâneo, e invernam: na costa ibérica, mediterrânica e norte africana. Outras espécies nidificam em zonas transequatoriais e invernam no hemisfério norte.

Mas mesmo com todas essas adaptações, o frio pode sim ser um perigo para as aves. Especialmente para indivíduos que por algum motivo estejam debilitados e não consigam obter energia suficiente para manter a temperatura durante a estação mais fria do ano, e assim podem sucumbir ao frio. Mas esse claramente não era o caso do sanhaço do meu quintal, que muito provavelmente tomou mais banho semana passada que muita gente por aí.

Eaí? curtiu este artigo? Comenta aqui embaixo se você conhece alguma ave migratória? Marca mais alguém nos comentários quem tem a curiosidade de saber sobre a migração das aves. Até o próximo artigo 😉